Passou um quadro em que o apresentador foi em uma favela conhecer um programa social relacionado ao surf. Neste projeto, há um garoto em especial que disse que seu grande sonho era surfar com o Kelly Slater. Fazendo um resumo da vida dele, o menino tem mais irmãos, entre eles um que morreu pelo tráfico de drogas, e que não tinha um refrigerador em casa. O apresentador levou o garoto para o Havaii, para surfar com aquele que foi 9 vezes o melhor do mundo, mas antes o fez prometer que ele nunca entraria para o mundo que seu irmão entrou.
Chegando lá, o apresentador conversa com Kelly, conta a história, e em resposta, ele diz que não é difícil se identificar, mas que apesar das dificuldades financeiras que ele e a família passavam, eles tinha uma geladeira, ou seja, é presumível que problemas relacionados à fome, ele nunca passou.
Após todo o suspense espontaneamente forjado (eu odeio esse tipo de coisa), o menino teve a oportunidade de conversar com o Kelly. Evidente, ele só sabia falar "What's up?" em inglês, então o apresentador entrou como intérprete. E claro, como todo bom programa de tv aberta, teve que ter a sua dose de sensacionalismo, porque não bastava o garoto viver em uma situação terrívelmente precária, sempre é preciso apelar. Com isso, o Luciano falou para o menino: "Promete para ele que você nunca entrará para o tráfico." e o menino repetiu.
O que me surpreendeu foi a resposta de Slater: "Você não tem que prometer nada à mim ou à ele, você tem que prometer à si mesmo."
Eu achei isso fantástico. Honestamente, não é à toa que ele é o melhor do mundo no surf (9 vezes!), pois suas metas não foram para os outros, foram para ele. Fora, é claro, do belo 'cala a boca' no sensacionalismo barato que o apresentador tanto queria.
Prometer certas coisas aos outros não funciona... a decisão de entrar ou não para o narcotráfico só cabe ao menino. É ele quem tem de ter cérebro na hora de escolher. E o complicado é que isso não é pra qualquer um. Infelizmente o tráfico de drogas oferece o dinheiro, e até mesmo a estrutura, que o Estado muitas vezes não oferece. É o garoto quem tem de jogar na balança dos princípios o que é prioridade.
Nós mesmos temos que nortear as nossas escolhas, os nossos rumos, sem ter de ficar eternamente agarrado à crença de que é preciso prometer tal coisa para alguém mais 'importante'. No fim das contas, vai valer quem você é, e não o que você tem ou fez.
Sinceramente? essa atitude de Slater é um exemplo a ser seguido.
Um comentário:
Adoro essa sua percepção.
Parabéns Kamila
Ótimo Post
Postar um comentário