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domingo, 31 de janeiro de 2010

O Quase.


Pela primeira vez, fui quase assaltada. As sensações que você sente, são estranhas na hora. Existem aqueles que se traumatizam, aqueles que nunca mais saem de casa, e aqueles que acabam reagindo na hora. Falarei da minha experiência.
A primeira sensação foi, de longe, a pior que senti até hoje. Era vergonha, misturada com medo. Depois, revolta. Tanto que revi os “assaltantes” (que na verdade eram dois guris de uns 12 ou 13 anos), e a minha maior vontade foi pegar a primeira pedra que encontrasse, e abrir um arrombo na cabeça de ao menos um deles. Pra ser sincera, peguei sim um pedaço de uma calçada quebrada, e guardei na bolsa, por precaução. Descobri que quando você sente revolta de verdade, você perde aquele medo misturado com vergonha, e é como se um cavaleiro estivesse ao seu lado, pronto para te proteger, caso você precise. E depois, claro, veio o desespero, se é que posso chamar assim. Jurei que andaria armada, e falei em alto e bom som que não queria ouvir nada a respeito, pois eu compraria um canivete (ou algo próximo) e pronto.
No entanto, estranha foi a reação das pessoas que me viram. Talvez seja só impressão minha, mas parece que todas elas me olharam com aquele sentimento de pena, como se dissessem internamente: “Oh, coitada.” Estranho também foi perceber que você se sente invencível, inalcançável 90% do tempo, mas precisa cair dessa forma pra perceber como é humano.
Mas, como sempre, minhas melhores idéias vêem na madrugada. Três horas, um filme terminado, e um turbilhão de perguntas tomou minha mente. Como se acaba com a violência em um país? a chacina na Candelária foi assim tão injusta? A violência policial é tão desnecessária, como dizem?
As pessoas engajadas nos D.H. te bombardeiam quando você fala algo um pouco mais...conservador. Porém, esquecem que são tão humanos quanto eu, e que se fossem assaltados pensariam diferente por pelo menos um segundo. Talvez, elas tenham aquela mesma “sensação de Super-Homem” que eu tive (e ainda tenho).
Continuarei saindo de casa. Continuarei andando sozinha, como sempre fiz. Andar armada? Não sei, quem sabe. A minha única certeza agora é que não me tornarei refém do receio, pois isso de certa forma é suicídio. Estarei matando minha liberdade, meu direito de ir e vir. Agora, mais que qualquer coisa, quero encontrar respostas para minhas perguntas, quero fazer algo a respeito, e claro, me preparar melhor para o caso de acontecer de novo.
Olhando agora, não foi tão ruim. Ou melhor, poderia ter sido pior. Semana passada, minha vida voltou nas horas em que eu ouvia, que era preciso tirar aprendizado de tudo. Pois é, obrigada por me lembrar disso, mãe.