Pesquisar este blog

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A Gaiola



E era a gaiola e era a vida era a gaiola
e era o muro a cerca e o preconceito
e era o filho a família e a aliança
e era a grade a filha e era o conceito
e era o relógio o horário o apontamento
e era o estatuto a lei e o mandamento
e a tabuleta dizendo é proibido.
E era a vida era o mundo e era a gaiola
e era a casa o nome a vestimenta
e era o imposto o aluguel a ferramenta
E era o orgulho e o coração fechado
e o sentimento trancado a cadeado.
E era o amor e o desamor
e o medo de magoar
e eram os laços e o sinal de não passar
E era a vida era a vida o mundo e a gaiola
e era a vida e a vida era a gaiola.

Poema de Apud Alda Beraldo, A Gaiola.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Indicações: O Filho Eterno


Eu confesso, este livro me surpreendeu. Assim como eu disse várias vezes, à princípio, eu não o leria caso não precisasse, - é, é um dos livros para o vestibular - entretanto, devorei quase 130 páginas hoje, tanto que já o terminei.
Ele trata, basicamente, de um homem que fracassa como escritor, e quando seu filho nasce, possui a trissômia do cromossomo 21 - ou Síndrome de Down, como preferir. Quando li isto nas abas, pensei: "Pronto, mais uma daquelas estórias cheias de lições de vida, exemplos de superação e como ser politicamente correto em 5 dias."
Mas, não foi bem assim. Cristovão Tezza criou um universo cheio de incertezas, com a sensação de que algo deu errado no meio do caminho, em que, querendo ou não, é preciso achar um culpado para tudo aquilo, como ele mesmo diz, um altar para o qual possa se esconder, nem que esse altar seja edificado sobre o filho. É uma radiografia sensível, sem aquela pretenção em agradar o leitor, mas sim em mostrar as coisas como elas são, sem rodeios, mas ao mesmo tempo, sem tirar a sutileza dos gestos.
A linguagem é outro ponto interessante; percebe-se claramente analogias a escritores famosos, repúblicas (como a de Weimar, em uma passagem bem sacada) e sistemas políticos, clássicos do cinema e paralelos pensados e repensados. Em suma, não é um livro popular, pois foi milimetricamente calculado e avaliado.
Este livro recebeu vários prêmios, entre eles o de melhor livro de 2008, e o que mais me orgulha é que é de um escritor catarinense.
Enfim, é um ótimo livro, espero ter oportunidade de reler e de tê-lo em minha prateleira, e com isso, concluo a minha indicação.